Limpar um padrão mental seco e encrostado é que nem querer limpar uma travessa onde foram assadas três galinhas juntas. Você olha e está tudo uma merda só. Está tudo fedorento e escurecido, igual à sua mente; não consegue entender direito como aquilo se formou, você apenas assou e ficou deste jeito. Você apenas viveu pensando o que pensa e ficou deste jeito.
Mas você quer limpar tudo, deixar a travessa nova; quer deixar sua mente nova, livrar-se de velhos hábitos mentais. Na tentativa de limpar, você joga água fervendo e detergente e deixa de molho por alguns instantes. Estas são as boas idéias, a nova forma de pensar que está aprendendo. O ânimo está em alta até então.
Ao começar a raspar a coisa parece piorar significativamente; parece que a travessa fica mais suja: as peles queimadas e fedorentas se soltam, a gordura bóia, o cheiro de carne sobe, dá náusea. A mente fica confusa, desordenada, há uma espécie de raiva, impaciência e irritação pairando no ar, parece que não se chegará a lugar algum.
Porém, este é o processo de limpeza, é assim que se dá. Com persistência e dedicação a travessa ficará como nova, assim como os padrões mentais; serão todos renovados.
“A repetição faz o hábito, o hábito gera o caráter, o caráter constrói o destino.” *
“Quem pensa o mal, o mal acompanha, como a roda acompanha o boi que puxa o carro.” * – Dhammapada, atribuído a Gautama, o Budha.
“A mente é o poder soberano do Universo; liberta o sábio e escraviza o néscio.” * – Como Fazer-se Yógui, de Swâmî Abhedananda.
* Trechos extraídos do livro A Libertação Pelo Yoga, de Caio Miranda.
Luz na prisão 