Órgão canceroso

Imagine um órgão.
Imagine que esse órgão está canceroso.
Imagine que as células cancerosas determinam o novo funcionamento desse órgão.
Porém, ele ainda é vital.
Imagine que ele não poderá ser retirado do corpo pois o levaria à morte.
Porém, ele deteriora o corpo.
Imagine células metastáticas se desprendendo do tumor principal.
Imagine essas células fluindo com a correnteza corpórea.
Porém, em algum momento elas se fixam em outros órgãos.
Imagine que esses órgãos são receptivos às células cancerosas.
Imagine que esses órgãos serão comprometidos, como o órgão original.

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Agora, imagine o Rio de Janeiro como o órgão.

Davi e mais.

Olá a todos!!

Antes de falar do assunto contido no título vou escrever aqui minha felicidade pelos seguintes acontecimentos de hoje:

:: Soube há poucas horas que o Ilydio, pai do Vinícius, meu amigo, acaba de lançar um livro, chamado “A Magia da Matemática – Atividades Investigativas, Curiosidades e Histórias da Matemática”. Basta clicar aqui para ler mais sobre a obra e o autor. Me fez lembrar o Malba Tahan, matemático brasileiro que, através de estórias e atividades lúdicas, tentava mostrar como a matemática não é nenhum estorvo. Disse tentava porque era só assistir qualquer aula regular dessa matéria no colégio para perceber a impossibilidade de aprendê-la no estilo do Malba Tahan. O Ilydio deve ser uma raridade. Nenhum dos muitos professores de matemática que cruzaram meu caminho ensinou tão bela disciplina como o Malba Tahan fez nas suas inúmeras publicações. Tive oportunidade de ler quando moleque o livro “O homem que calculava” e algumas estórias da coleção “As maravilhas da matemática”. Fantástico! Boa sorte Ilydio!!

:: O segundo ponto é que a Tatiana, amiga minha, pariu um viking! Sim, nasceu o Patrik, filho dela com um Norueguês. Logo ela, morena abrasileirada tendo um filho com um moço nórdico. Que chique! É igual a Coca-Cola nessa nova campanha: juntar as diferenças é o que toca! Felicidades Tatiana!

Bom, mas o assunto que quero tocar agora, é sobre o programa Ídolos que passa no SBT todas as quartas e quintas às 20:30. Precisamente, quero falar sobre a saída do competidor Davi Lins.

O Davi é um cara sensacional. Que voz ele tem! Tímido mas seguro na hora de cantar. É de arrepiar. O cara é bom.

Mas por quais motivos ele foi eliminado da competição? E por que diabos eu estaria falando da eliminação de um competidor? Tenho uma teoria polêmica.

A saída dele representa o resultado desastroso de uma soma de valores culturais odiáveis do povo que quero colocar em pauta.

1. O começo: O cara tem muito talento; nasceu com ele. O timbre de voz dele é único, marcante; ele é muito afinado e seguro.

2. O problema: Tem uma competidora, tão boa quanto ele, chamada Shirley Carvalho. É outra que basta cantar para as pessoas ficarem de boca aberta. Clica aqui para dar uma espiada na apresentação dela. Eles tinham tudo para fazer uma grande final de programa: Davi X Shirley. Mas não foi.

3. O ponto nevrálgico: Na quarta, depois da apresentação do Davi, um dos jurados, Arnaldo Sacomani, fez uma pergunta cabeluda: perguntou ao Davi se era verdade que ele estava pedindo votos para a Lenny (outra competidora). Ele disse que sim. Daí o Arnaldo largou a napalm: “por que? você não quer pegar a Shirley na final?”. E ele respondeu, muito sem graça devo dizer, que sim. Para ver a apresentação na íntegra mais a pergunta, clique aqui.

4. Onde quero chegar: O Davi, estava pedindo votos para outra competidora para não pegar a mais forte na final, que parecia estar garantida pra ele. Com isso ele fez algumas cagadas:

— quis eliminar uma candidata forte para ficar garantido de ganhar a competição, prática bem anti-ética e malandra.

— fez pouco da própria condição vocal e artística privilegiada.

— mostrou um lado desonesto que contrastava com a simpatia da figura.

— na estupidez de tirar a vantagem, esqueceu que a pessoa para qual ele pedia votos também era concorrente. E foi justamente quem foi para o paredão com ele e saiu ilesa.

Não satisfeito com o pássaro que tinha na mão, estava de olho nos que estavam voando.

Valor nº 1 – O Davi mostrou o que se pode fazer para tirar vantagem em cima de alguém; “na inocência”, pois ele vem de “um povo muito sofrido, né”, “é assim mesmo, né?”, “fazer o que, né”, “a gente se vira como pode, né?”, “se não é desse jeito como vai ser, né?”. Usou de uma prática desonesta e comum. Nem venham me dizer que isso não é o cotidiano do Rio de Janeiro! Basta ver a novela do “horário nobre” e ler sobre a popularidade dos vilões. Não gosto, mas tenho que admitir que o Gilberto Braga pegou bem o espírito do RJ.

Valor nº 2 – Pois é, todo mundo faz mas não pode aparecer. Aparecendo fica feio… A sociedade funciona assim: toleramos todos os defeitos das pessoas e aceitamos todas as diferenças. Conquanto que fiquem escondidas. Provavelmente as pessoas têm atitudes diárias iguais às do Davi, mas quando foi a vez dele fazer em público… bem, deu no que deu. O povo o eliminou da competição.

Valor nº 3 – Não pensar nas consequências de tentar passar alguém para trás. Pessoas têm mania de fazer esse tipo de cagada sem imaginar o que pode acontecer, só pensando no resultado. Afinal de contas, alguém já viu algum carioca se dar mal? Aliás, alguém já viu tanto malandro quanto no RJ? Aqui falta otário, esse é o problema. Material escasso esse.

Não preciso descrever o tamanho da decepção com a atitude do Davi. Era meu favorito para a final do programa. Fica ainda o desepero de perceber que esses malditos valores já correm nas veias e artérias do povo junto com o oxigênio contaminado dessa cloaca de atmosfera que respiramos. Tenho certeza que não conseguiria esgotar o assunto em um blog. Mas ficam as idéias.Não tirem vantagem em cima de outras pessoas. Todos nascemos com capacidade de conseguir a felicidade sem precisar fazer esse tipo de coisa.

Forte abraço a todos.